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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

VINHOS

confesso uma das minhas paixões

Os bagos do tamanho de grãos de chumbo vão crescendo pelo Maio fora, tornam-se maiores pelo Julho adiante e depois, ao calor de Agosto e Setembro amadurecem.

TOURIGA - bagos túmidos de sangue

D. BRANCA -  bagos unidos e redondos, verde-claro de esmeralda

DIAGALVES- tem bagos de cristal e o mês de Agosto, aquece-lhe a folhagem pontiaguda dum claro dourado que encanta.

RABISGATO- de cepa valorosa, vara larga e comprida, dá vinho de valentia e tem os bagos de verde-claro de certos licores.

MALVASIA - cor-de-rosa, trazido do levante, é toda a cor-de-rosa viva, como a romã aberta e guarda  misteriosamente o aroma e os sonhos orientais.

VERDELHO- de folha cordiforme, é amarelo esverdeado como as lagunas ensombradas.

BASTARDO - de bagos fechados e tão unidos que torna o cacho cilíndrico, cor de abrunho, de pele translúcida, doce e de aroma tão penetrante que incomoda.

MOURISCO - o bago mais perfeito de todos, de pedúnculos de púrpura, cacho escadeado e solto para os bagos ficarem livres, vertendo sangue serraceno. Perfurou-o a última moira que pisou a nossa terra.

NEVOEIRA -  a folha mais rúbia de todo o Outono, bagos unidos, cachos aos montes, cobertos de farinha, o que leva muitos a chamar à qualidade, padeira.

DANZELINHO - de folha terminada em coração.

DEDO DE DAMA - bago galante, como lindas falanges de princesa, pele fria e carne transparente.

UVA SALSA -a folha recortada de todo o Douro.

TINTA AMARELA - tão doce e linda, de cor e aroma tão vivos que as abelhas a procuram e a sorvem.

ALICANTE - de bago enorme , oblongo, cor de coral.

CHANCELER - cor de ouro desmaiado, temporão e suave.

TINTA CÃO - vinho austero, bago preto lavado de azul.

SOUSÃO- que tinge e pinta tudo da sua tinta de escrever escura, inesgotável, um nunca acabar.

PINA DE MORAIS, 1942

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