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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

POEMA DE HALFDAN RASMUSSEN

SOBRE A PERFEIÇÃO

Cada vez que vou escrever o poema perfeito,
e é algo que tento uma e outra vez,
a mão põe-se a tremer e ataca-me o reumatismo
e a esferográfica faz borrões.

E quando estou tranquilo e se aplaca o reumatismo
e a minha esferográfica escreve persistentemente,
a minha mulher entra a cada dois minutos
a perguntar se terminei esse poema.

E quando por fim logro redimi-lo
através de dores e ansiedades,
falta esse tremor, esse reumatismo e esses borrões
que tem o perfeito, se é que existe.

                Tosserier i udvalg, 1981
 
( retirado do blogue do Amadeu Baptista

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