Cada vez que vou escrever o poema perfeito,
e é algo que tento uma e outra vez,
a mão põe-se a tremer e ataca-me o reumatismo
e a esferográfica faz borrões.
E quando estou tranquilo e se aplaca o reumatismo
e a minha esferográfica escreve persistentemente,
a minha mulher entra a cada dois minutos
a perguntar se terminei esse poema.
E quando por fim logro redimi-lo
através de dores e ansiedades,
falta esse tremor, esse reumatismo e esses borrões
que tem o perfeito, se é que existe.
Tosserier i udvalg, 1981
( retirado do blogue do Amadeu Baptista
Sem comentários :
Enviar um comentário